acreditamos nas tralhas e não na gente
- Bruno Goularte
- 2 de ago. de 2022
- 6 min de leitura
Atualizado: 4 de ago. de 2022
*Bruno Goularte
Eu tava conversando sobre isto esses dias.
Se eu dissesse para um cliente das Sessões do Caminho que ele tá todo desalinhado, que precisa se purificar, fazer tal e tal coisa, que não vive em conexão com sua verdade etc etc, seria muito fácil de ele se enxergar nisso, realmente acreditar, começar a tomar providências e querer saber quais são os passos para melhorar.
Mas se eu dissesse que ele tem uma força enorme dentro dele, que há muita beleza interior a ser explorada, vivida, vivenciada, e que ele não precisa saber quais são os passos, só precisa aceitar isso e dar os passos que sentir de dar, bem, é provável que ele aceite muito menos essa parte do que a parte anterior.
É provável que até goste de ouvir isso, mas, no dia seguinte, vai seguir sem andar com essa força ou ainda procurar passos de purificação, de mudança para melhor etc. É como se carregássemos toda tralha que o mundo coloca em cima de nós e, agarrados nela, acreditássemos muito mais na nossa desgraça do que na nossa potência. Sendo que a desgraça vem das tralhas, não da gente.
Não que a gente não dê esses passos de purificação. A gente dá. Só que eles não têm nenhum tipo de receita pré-fabricada por outra pessoa.
Entre em um mosteiro ou no ashram de um “mestre realizado”, sim, muita gente pode se beneficiar dele, dos seus ensinamentos. A esmagadora maioria dos seus seguidores, contudo, não se “realizam” como ele. Porque eles estão mais interessados em repetir os passos do mestre do que buscar os seus próprios. E nessa repetição se castam e se proíbem, deixam de fazer muitas coisas que os realizaria esquecendo que cada caminho é diferente e o caminho do seguidor não é igual ao do mestre.
O mestre precisou meditar trinta anos em um caverna, talvez você não precise.
Se o mestre for mestre de verdade, ele vai dizer exatamente isso ao seguidor. Já vi alguns dizerem. A maioria dos seguidores, porém, duvida do mestre e segue acreditando que não, o caminho é o do mestre, é ele que parece tão em paz, tão sereno, é a presença dele que me toca, não a minha, e então alguns se culpam por que não podem segui-lo com total disponibilidade (seja por motivos de família, trabalho, obrigações - e isso vira uma desculpa para a incapacidade de autorrealização deles), e outros ficam se achando incapazes porque o seguem e não dá certo com eles, como se não fossem tão bons quanto o mestre, que conseguiu.
Tirando desse contexto longínquo de mestre realizado VS discípulo, esse tipo de dinâmica acontece de diversas maneiras no nosso dia a dia.
Com algo que julgamos ser “lógica”, seguimos os passos que nos foram dados quando procurávamos melhorar, preencher algum vazio, nos autoconhecermos etc. Ou então ficamos muito tempo buscando por quem nos dê esses passos.
Ninguém vai nos dar os nossos passos.
“O caminho só existe quando você passa”, já cantava o cara do Skank.
E o caminho é só seu.
Alguém sim pode indicar alguma coisa, cabe a você saber se serve pra você ou não, e se servir, vira outro caminho, vira um caminho seu que se desdobrará em novos passos, não nos passos que quem começou por ali e lhe indicou deu.
Talvez meditar funcione para você. Talvez cantar funcione para você. Talvez nadar funcione para você. Só você vai descobrir baseado no que sente. Isso, sim, é racional e lógico.
Quando entramos nessa área do viver de acordo com o que sentimos, muitas vezes parece que fazer isso é abandonar a razão ou a lógica.
Quando é justamente o contrário.
Veja quantas coisas você queria fazer e não faz porque tem algum receio. Se você aprofundar o motivo desse receio, em grande parte das situações normais, vai perceber que o receio é que não tem sentido. Não tem lógica. É baseado em uma crença, ou em um trauma ou medo que agarramos desde o passado e deixamos que seja a voz da razão quando tá totalmente desconectado do nosso presente e do nosso sentir.
“Não tem sentido”. A expressão já avisa. SENTIDO. A palavra que, nessa expressão, está ligada à lógica, ao racional, vem do verbo sentir. O que não tem sentido é desconectar a razão do sentir.
Geralmente o que a gente sente internamente que seria bom fazer, o que nos faria bem. TEM SENTIDO. A gente tá sentindo, afinal.
Não está nem um pouco desconectado da razão, do racional, pelo contrário. Só tá desconectado, muitas vezes, de crenças que nos tiram do nosso sentir, por conta de convenções, predisposições, sabotagens, manipulações etc.
E aí esse racional entupido de crenças bobas não encontra o sentido naquela vontade que nos deu de fazer algo. “Ah, mas pra que vou fazer isso?”. “Ah, mas não vai dar resultado nenhum”. “Ah, mas não tem nada a ver com a minha área de atuação”. Sei lá. Coisas assim.
Eu gosto de escrever, por exemplo.
Desde criança.
Não só esses textos. Esses textos eu escrevo, rápido, sem sofrer, porque algum acidente me impele a eles. Mas eu gosto mesmo de escrever literatura, ficção, história de terror, horríveis, inclusive. Trabalho nos textos. Isso me faz bem.
Se eu tiver com o intelecto enraízado no meu trabalho e nas minhas áreas de atuação na vida, eu vou me enganar e dizer que não tem sentido eu perder tempo escrevendo aquelas coisas horríveis.
Acontece que quando eu escrevo essas coisas eu me divirto, ou eu descanso do trabalho habitual do dia a dia, ou libero muitas coisas entupidas em algum ralo da minha mente que vai me fazer abrir mais espaço para um monte de outras coisas surgirem em minha vida.
Não preciso saber exatamente o porquê. Eu gosto. Me faz bem. Quando tenho tempo, é um jeito de descansar, de deixar fluir qualquer coisa.
Se a gente fica preso se perguntando muito o porquê das coisas, muitas vezes bloqueamos o nosso sentir. E deixamos de fazer coisas que dariam energia vital para nosso sistema. Para que ele sozinho atraia as situações, desejos, intuições, ações, que realmente mudariam nossas vidas para melhor e purificariam o que precisa, de fato, ser purificado.
Tudo isso sem que a gente gaste energia fazendo o que a gente nem gosta tanto assim porque tá buscando mudar, melhorar, curar alguma coisa, ou encontrar respostas para as nossas limitações ou para o que julgamos errado, incoerente, ruim, problemático, em nossas vidas.
Eu já falei aqui no blog (newsletter) que cada um é resultado variado dos mais diversos acidentes. E que tudo que a gente faz, não é nosso corpo, nosso intelecto, que faz, é só mais um resultado desses acidentes.
Saber aproveitar esses acidentes é dar uma direção melhor para como usar nossas potencialidades e assim não perdermos tanta energia, não gerarmos tanta frustração buscando por autoconhecimento ou mudanças.
Realizar o que se está sentindo para aos poucos ir apenas observando os desmembramentos disso dentro de nós e, aí sim, compreendendo sem a influência das crenças, o quão lógico é seguir o nosso sentir.
Quando a gente foca apenas em algumas consequências desse acidente, a gente vê as coisas por um aspecto muito limitado. O que facilita que julguemos nossa vida a partir do que nossas crenças acham o que é bom e ruim, certo e errado.
Ontem mesmo atendi um cliente que descobriu que recebeu magia negra, isso gerou alguns acidentes um tanto desagradáveis e limparam isso para ele, o que ele queria era saber se tava tudo certo agora.
Acontece que tem uma força de essência desse cliente muito disponível para ele esse ano. Uma força que invadiu o sistema dele e começou a balançar tudo que não precisava continuar ali. Tudo que diminuía a capacidade da essência interior se expressar através das ações do cliente.
A magia que foi feita e retirada da pessoa, serviu para que uma parte dessa purificação acontecesse. Não foi bom para o corpo receber uma magia. Mas foi a arma que o sistema dela, junto com essa força enorme interior, encontrou para romper algumas cargas estagnadas e retirar do corpo algumas frequências desnecessárias.
Quando a gente tá buscando esse alinhar ao sentir e fazendo as coisas por nós, esse tipo de coisa muitas vezes é resolvido da melhor maneira possível, a gente passa mais fácil pelas adversidades, sai mais forte. E é só nós que podemos tomar essa guiança. Entender a vida como uma dança muito maior entre o céu e a terra, com o céu e a terra, e não como coisas boas e ruins que acontecem com a gente e que precisamos ou não fazer.
Se eu me desgarro do julgamento superficial, o que vier, seja magia ou paixão, vai vir como força, meu sistema absorve o que é bom e manda o que pode me afetar embora. Ele se recicla, se recompõe, se fortalece.
E ele vai tá sempre nos dando as chaves para isso. Colocando as soluções no nosso caminho. Vai tá sempre nos dizendo como podemos ajudá-lo. Basta a gente ouvir e acolher. Acatar.
Não questione a voz interior com medos, cargas, culpas que o mundo exterior colocou em você. Tudo que você sente faz sentido.
*Esses textos não correspondem a nenhuma opinião do site em si, são apenas conjecturas particulares baseadas em percepções sobre as Sessões do Caminho e o que absorvo no meu dia a dia, sem visar nenhum ponto final
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